quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A “socialização” da moda.


Promoções que duram meses.
Grandes nomes associados a gigantescos magazines.
Barateamento e pirataria.
Prêt-à-porter de luxo.

Essas são questões que estamos nos acostumando a presenciar com frequência no mundo da moda. Estamos passando por mudanças no consumo, com as quais, a irrelevância do preço em relação à qualidade, durabilidade e tangibilidade torna se viável para uma maior rede de classes sociais, no mundo inteiro. Preços altos não dizem mais respeito sobre o posicionamento do produto, é possível encontrar preço x qualidade, sobre pontos de vistas distintos.

Produtos de luxo, de primeiras necessidades, bens ou serviços estão cada vez mais possíveis a um publico consumidor, antes invisíveis aos olhos dos maiores investidores mundiais. Temos hoje um consumo estabelecido no desejo, no sonho idealizado, não mais só no poder de compra. Até mesmo os mais abastados, tidos como “consumidores de moda” buscam atualmente um valor agregado aos produtos que consomem, neste momento em que o “mundo” se volta para uma responsabilidade social ,o consumo por consumir ou pertencer, “já não está mais na moda”. A consagração da virtualidade pela internet torna possível uma interação com o mundo em tempo real, o maximalista acúmulo de informações torna coisas, mais ou menos interessantes, com muita rapidez e assim tudo que é moda hoje, amanha já passou. “Ta fora!” Parece-nos que atualmente o importante não é a "posse" do objeto, e sim, a "interatividade". Não precisamos mais ter dinheiro ou desperdiçá-lo para sermos admirados como detentores do luxo. Pode-se apenas "parecer rico". Esta é uma manifestação dos tempos pós-modernos em que é possível viver de glamour sem de fato ser muito abastado para isso. Sai-se facilmente de uma Mercedes comprada em sessenta vezes, com uma parcela do seguro vencida, usando um terno Armani adquirido em promoção de fim de estação, perfumado com uma versão mais barata de um parfum famoso e entra-se numa das mais badaladas casas noturnas de São Paulo, como a Pink Elephant, Mokai, Royal, entre muitas outras com o convite vip que um amigo (a) seu (sua) que trabalha lá dentro conseguiu para você.

Slavoj Zizek, conhecido intelectual de esquerda da atualidade, tem uma teoria interessante sobre a banalização do luxo pela pirataria e a falsificação. Diz-nos o teórico que o trabalho dos falsificadores ,dos camelôs e sacoleiras pode ser comparados ao dos pensadores comunistas. Explica-se: como estes não conseguiram derrotar o capitalismo e acabar com as sociedades de classes, então, a falsificação dos produtos está fazendo isto. Ela irrita as grandes empresas e os grandes conglomerados econômicos, pois se aproveita de suas "grifes", construídas com muito esforço publicitário e marketing, e de quebra socializa a posse dos artigos de luxo desejados pelos menos abastados, mesmo que sejam falsos. Alguns pensarão ser isso uma grande besteira, mas é isso que faz com que uma vendedora ambulante tenha uma bolsa "VIVITON" para vender em sua banca.